A pequena sacada saía do quarto da casa de um casal de jornalistas que me alugaram, enquanto passavam ano n’outras bandas.
Dava para uma rua de sobrados. De esquerda, um vizinho muro de lajota havia. Fui levado antes de chegar - após da labuta - ao encontro de um amigo que na descida da esquina me fitava. Vinha a dizer que outrora se deu completamente a refletir sobre os temperamentos e ações da juventude, quando indócil e ébria na noite persegue o gosto do sexo selva-gemente. Interessei-me no ato e quis mais saber onde é que tinha ele chegado com isso. Percebi que se incomodava de alguma maneira.
O que lhe alterava o ânimo era compreender como, diabos, poderíamos lidar com a oscilação dos hormônios dentre tantas formas humanas que adoraríamos assenhorear por vez ou em bando. Achei bem conexo já que não sabia também.
De fato existe uma disposição comum entre as gentes que andam pelas noitadas - bebericando o orvalho das garrafas em bares e festas - que é cumprir com o mínimo dos joguetes da sedução e do desejo. Daí começa... Olhares de través. Sorrisos calorosos. Toques mais leves e constantes. Contrastes da mistura andrógena. Vontade de chegar junto e rascunhar tentativas de um beijo enquanto se fala perto...
Se a música de qualquer natureza der a entender que se pode aderir na dança, haja sobriedade para segurar no interesse o acasalamento.
- É claro que as coisas podem de fato simplesmente acontecer sem que haja algum interesse. – Disse ele. Mas, em seguida concluiu que não.
- Sempre haverá o danado!
Enquanto ele falava - devo admitir - pensava eu cá em outra coisa. Na mesma linha só que, ignorando a preocupação de saber os por quês e os comos e fazendo a pergunta para os envolvimentos que se dão maravilhosamente, quando se procura alguém para juntar - em empreitadas solteiras - o mesmo intuito pelas coisas. Sem dramas.
Dirigimo-nos para um barzinho de mei de rua. A garotada costumava chamar de copo sujo. Na real nem tinha um nome certo e era freqüentado por senhores que se acabavam na cachaça. Não iam mulheres lá. Ao menos nunca que eu as tenha visto. Sentamos e pedimos uma brêja.
Continuou a história dele. Seu nome é Juliano. Olhou-me fixo com uma fisionomia um tanto amargurada. Seus olhos engrossaram traços e com a boca semi-aberta por uns instantes depois decidiu pronunciar que no ontem de ontem uma moça tinha lhe fascinado por conta do cheiro que dimanava de sua vagina. Em suas palavras era o cheiro do paraíso. Só que a moça não namorou tanto o desempenho dele no leito e fez o favor de pôr à contenda para uma amiga que espalhou pra outra e aí foi.
No ontem, ele disse que foi novamente na cara de tampa ao encontro do dito cheiro do céu. Ela tava com mais três amigas num boteco ajeitado.
- Ao menos mais que este onde nos encontramos. – Definia sua história.
Disse ter sido uma das coisas mais desconfortáveis da vida.
Creio que seja bobagem.
Mas, o ego do macho para ele não pode ser negligenciado por conta da atividade sexual.
Creio que seja besteira, mas, creio também que depende da situação em que estejamos imersos. Em um caso destes é palha mesmo. Não há de negarmos que quem se enfiou nos entremeios das silhuetas das coxas da garota foi ele. E que foi ela quem estava lá. Se o caso é que ele mandou mal... Fazer o quê? Chega uma hora que tudo é possível dentro do que está para jogo. E se ele é quem veio dizer é que tanto para esta como para tantas outras ocasiões a gente na madrugada é muito fraca em reservar segredos. É dizer que é segredo e fica aquela coisinha segredando um roçar na ação de não guardar. Rola sempre um desconforto no desejo caso tenhamos algo escondido. Mas, a preocupação dele não era nenhum pingo essa. Entendo...
Ainda me veio cheio de detalhes, onde a dona pousava esbelta suas delícias e acariciava o busto de baixo à cima num reiterado suspender das mamas. Onde tesourava as pernas no alto e encostava as coxas nos seios, no sofá. Tudo com grande olhar sinuoso e um rancor inexplicável. Minha ação foi nenhuma, quase, posto até que já estava embriagado, quando do copo já tinha tomado e trocado de brêja para cana faz ao menos uma hora. E em verdade estava mesmo era cansado daquele papo todo.
Veio-me a cabeça dizer que não haveria de se preocupar tanto com esse episódio. O melhor a se fazer é expor um tanto menos a própria testa para evitar comentários lamentáveis já que este tanto lhe afetou. Deve-se olhar para outras brenhas e encontrar um cheiro menos pretensioso que o do paraíso, pois esse tal lhe agiu como um verdadeiro inferno...
Foi o que entendi. Acabei por ponderar...
Neste andamento transita como a gazela mais bela da rua minha vizinha Lídia em frente ao bar. Toda risadinha. Com ares altos e, acochada de malícia por um maluco que deve de ser um ótimo orador, pois Lídia não parava de gargalhar; Apesar de que basta estar na de alguém para que o riso em lascívia se estenda e torne a forma comum de nossas faces.
Digo a meu amigo que volto em ao menos uns trinta minutos. Ele nem contrapôs.
- Que se vá então!
São suas palavras.
Creio não ter se atingido da ocasião em que estava eu interessado. Também por mim não comento.
Meu interesse é seguir esses dois. Sei que irão se misturar em gritos pornôs como sempre faz Lídia com cada um de seus amantes. Da parte dela escuto nas noites e madrugadas a exigência de um grito de prazer.
Já estou eufórico... Eu sei que ela é uma profissional das casas que muitos chamam de primas. Só que ela é daquelas que chamam de luxo. Minha vizinha. Basta eu me dispor saber que irá alguém em seu quarto, já convido moças para trocar lambidas corpóreas juntos numa sensação de malícia enquanto escutamos a transa eloqüente de Lídia.
É dado sempre que na noite, as flores que cheiram safadezas salientes e a lua cheia engrandecida por volúpias e desejos de prazeres compõem uma atmosfera erótica em alto nível de cor-rompimento.
No mais, no caso é crepúsculo. E os elementos não faltam nenhum deles que bastam um afago principiado com a ânsia do calor que emana de dois corpos nus para no delírio dos fluidos-fluírem...
Somente quero ouvir algo, posto que nesta circunstância, participo por mim somente e não escuto nenhum ruído. Nunca poderia eu pensar... Creio que dormiram. Será? Não se ouve nenhum tipo de insinuação sexual. Fico aqui com as orelhas alertas nas fissuras das paredes. Nossa, minha intenção é tanta de ouvi-los gritar que de súbito isto está me excitando muito. Penso o que devem eles estar fazendo e imagino seus corpos sendo bulidos de um por um. Mas, de repente escuto algo como sussurros de algumas palavras e por trás delas um gemido. Um gemido feminino. Um gemido de Lídia. Aquilo invadiu meus ouvidos e me explodiu em hormônios de tal maneira que me encostei na divisória e me arrastei até o chão. Tento ouvir mais alguma coisa e sempre me vem o gemido. Aquele gemido. Nunca havia Lídia se pronunciado por gemidos. Eram sempre gritos pornográficos.
Olho ao céu e tenho lá a lua grávida de amantes. Não é possível! Esse gemido não me sai da intenção. Esse gemido me faz ficar aqui a noite inteira esperando o próximo. Mas, até agora nenhum outro. O que haverá de estar acontecendo lá dentro...
Meu amigo! Vou ligar para ele.
- Oi. Então! Preciso de um banho e de uma noite de sono. Depois que cheguei no quarto é que me apercebi.
Ele retrucou que eu deveria ter, no pior, me despedido. E não, dito que iria voltar. Concordo. Mas, aquele gemido corrompeu minha vida... Ele não entenderia como. Teria até lhe convidado... Nada. Se dissesse que o caso seriam penetrações impulsivas e gozo flamejante e possuído aos berros com certeza perderia a fineza esse gemido por conta de Juliano querer seguramente chatear as coisas por ter eu inflamado o contrário. Fico aqui sozinho então até o amanhecer. Ecoando voluntariamente esse sussurro do prazer de Lídia, sem chance de sono ou esquecimento.
Que delícia de gemido...
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
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