quarta-feira, 18 de novembro de 2009
deish pa lah
sem o perdao alheio.
vira e mexe pensamentos liquificam os planetas
a ponto de deixar grilo em quem observa
que em si no interior tah puto.
é quase algo muito complicado de entender...
as linguagens se frixionam inconstante...
para que?
deixe quieto e veja a vida
ser de graçA a tua imperfeiçao
se lixe de seus costumes e nao passe despercebido
fixe sua intuiçao na organizaçao de seus valores
interprete...
fique na manha.
sábado, 14 de novembro de 2009
onde é que eu tou...?
que sorrizo atras da olheira da insonia
descalço como o grude do caramujo...
patas suadas de andar
a corrente de ar trazendo a gripe
do medo das costas nuas da saudade!
a medida certa do começo ao fim
o deslize incerto do jasmim
que cor, que sutil esperançA
um solo fertil seria a macia terra
das palmas que brotam
olhares nos dedos tocantes por estreves
catatonicos de seres flutuantes...
entre o caso estetico do especifico
arranjo me deleito.
corpo unanimeem brasa revolta...
no tapa que volta,
chateado
friso o caracter incongruente: a presunçao de uma antiga infancia
dòi como o diluvio
escolhe somente um casal e é lindo
massageia feito o limite maximo
para a chegada do novo oxigenio.
imagine o feito deste novo oxigenio!
um vento em um desenho
um fosforo.. oco estrombobo.
sábado, 15 de agosto de 2009
no lombo da espécie
ligam-se entre borboletais de frases
mariposais de intuitos.
bruxas noturnas que em quinas se fixam.
faróis metáforas, tração traquéias
contra paredes reais a cada esquina
aos montes tantos que aos bocados
o agora sempre aos milhares
colhidos sobre o vento, plantados
sobre as matas, enfiados a todo custo,
soltos por crepúsculo.
presos singulares, detentos
todos juntos nem se pensa
ou se pensa consenso utópico, ótimo
paciÊncia. respira. morde.
bel prazeres
mais gente
tantos nós e tantas coisas
certo é, há de se crer,
que a cada ato realizado -
já que um ato deve ser desprendido de um sujeito,
um nós de alguém -
existe um pavil, um termômetro subjetivo cauculado
que carrega a intenção causal até o óbvio de seus limites.
falo de bomba por pavil
por quanto sobram motivos
dentro de uma mentalidade e inteligentzia tribulada...
uma razão para o estouro.
mesmo que seja para ter ponto de referência ao que é bom
que por insegurança se sustenta,
foge e se esvai,
quer queira quer não
no mesmo que pela linguagem se faz consenso.
que pelo abstrato demonstra o dito poético fato
estético.
demais
um tal esforço da multidão
em constituir sua face
depois de longos anos do homogêneo mesmo
haveria seguramente de não sobrar
nenhum alguém
singularizado por sua indiferença.
nesta manhã, um dos
milhares de cavalos abanam o rabo
e o vulgar macho humano avista uma donzela
e com aquele a compara
sábado, 18 de julho de 2009
enfronte
a fronte movediça se esconde
o rastro se transforma
e a parte da risca é
a mesma fonte que interroga
ninguém quer se cartunizar
ser motivo faz parte!
mas, forte é que desagrega
e comprido... estica.
desagrega...
caricatura.
já não é de hoje
por vez de inteiro e não por hora
em força deste sigo adiante
e o mono amante é quem incorpora
lábios já avistei e segurei o instinto
de ter com eles e fazer de tudo um tanto
se disser que não queria minto
hoje não mais nem olho, virei santo
será que de mim inteiro à sedução
estou farto que me dobro?
do tanto que me dei?
o ar para tráz não me recordo
estapafúdia da ilusão!
abraço e conto o amor que sei.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
phatos insurgente
pela esperança cartilaginosa
de uma responsabilidade quase aquosa
do estar a contento com as prosas...
fico sem verbos e dizeres
para explicar tanto imprevisto
que a minha extinção não insisto
aquém do infinito... passe um risco
sem vírgulas foi que um maribondo
mangangá deu-me o ferrão alado
de estar na mente todo o agrado
sem o desfrute-peito digitado
aposseia-se um rigor de meu contato
que poeta com pentel soa bisonho
fico tão fragilizado que me imponho
à ação da ação insipida de um sonho
jure que adorarás de frente
aquilo que em desgaste me salpica
a fundeza toda que se rasga e fica
no mim de tu que o maribondo pica
a arte ardente
alongamento humano com peaça
ligue o chifre à anca pelas costas
poesia.
quarta-feira, 25 de março de 2009
2009
Quinta parte de discórdia o mundo ouvia
Menos tal que aquela que desbota
Nunca será total apocalipsia
Nem fundamental à natureza morta
Ditam eras, diz-se as sombras se deslocam
Fecham pontos; invisíveis cubos
Rastreiam homens sábios que se entocam
Ontogenia discreta em cada bulbo
Que se alastre e chegue o grande terço
Que um meio sempre há de acabar tudo.
Seja breve a pontada
Fim dos tempos coisas que me iludo
Raios frontais recaem em cada berço
Triste caminhada.
Um querer
Pulo incerto rente ao gozo do passado
Lembranças ocas de razões sem leis.
Entendo-lhe, não é uma questão de gosto
Mas, meu ausente-a-ti pede a presença, eu sei!
Que caiam as imagens armadas e foscas
Das rodas indeferidas do imprevisto
De incerto ínterim perto e amalgamado às moscas.
Rostos das cobras indóceis num suplício.
Tardam agrados diante situações aprazadas
Todas frivolidades desvirtuam idéias tortas,
Pois idéia torta é qualquer idéia reta errada
Presumo ser de pior valia a idéia morta.
Prezo a caldeira em brasa,
A caldeira em delícias
O bocejo em beijos de preguiça
De duas emboladas forças de entidades
Algo que sacia-se em absoluto no agora como o desejo
O dentro e fora fogo! O amor e o fogo dentro e fora na cidade...
O resto é conivência de um acordo.
Tudo morno.
Onde tiver mais
É o sempre.
Casi-snabis
Em arrepio floral de ramos de capim gordura.
Dista a cuja, toda a minha alergia que se dane
De tão estática sanha que me sai do peito.
Porte d’arma in-consistência,
Outra vez me nauseiam apertos no intestino
Inflados por traves de divertidas mandalas...
brasas de incenso envolto no orbitar universal das brumas...
Rouquidões claras de um pigarro-gosto de canabis
Um fogo incerto que me folheia os dias como páginas.
Palas...
Baço intrínseco que ladeia toda a minha costa
Em arrepio floral de ramos de capim gordura
Dista a cuja, toda a minha alergia que se dane
Porte d’arma em consciência às ca®mas
De tão estática sanha que me sai do peito
Outra vez me nauseiam apertos no intestino.
quinta-feira, 12 de março de 2009
basta
de nada mais temer a circunstancia
de estragar com o resquicio da miseria
aquilo que sempre é o motivo de minha dança
corpo fragilizado pelo fumo
peso poroso que rasga a manhazinha
que rasga o meio dia e entope as vias
nada de prisoes...
limitrofes!!!
a indecisao é o fruto de minha fraqueza
o humano sua o tempo neste solo
defino o fim de tudo pelos poros
facil... limpo...
sujo o ardil e o substituo
maior se fez o risco do horizonte
quarta-feira, 11 de março de 2009
recadinho
ao estrago do interdito
mantra que sai e grita sempre um pedido
respostas pedem, também sempre um pedido
de roupagem que pêla tez se faz a oferenda
não importa a quem faz a preferência
sim, o ronco tosco e suave paciência
diziam que algo sem sentido pela forma
respirava gosto
aldeia deslocada e radical
poço inteiro tenho que nunca a si incorporaste
frívola e sem tipo é a vida do teu mal
o risco faz da página aliança e devora
a membrana insipiente de qualquer entendimento
cobre agora como tolo aquilo que não entende
estorve sua sapiência correta sobre a minha.
mas, faz-se breve...
quinta-feira, 5 de março de 2009
para constar
solvente que perfura as formas
que delicia os líquidos e transborda gana no afoito
madrugada rolante... assoalho curtido na cevada
idéia d'antes que se fez e
se aconteceu pelo espontâneo
liberdade louca que periga rios de transtornos
mas que enverga a volúpia em fornalha
e deixa morno
sábado, 28 de fevereiro de 2009
respira
quando da vinda ida ou chegada respeito
não sem pavores da infinta estaca
e agonias do que envelheço pelo feito
seguidas foram as vezes que vi
as 12h baterem estaladas no canto
3 dias, mas, sobrevivi.
o cansaço em que me inundo causa espanto
não temo as alvoradas em claro
de fato não há nada que temo
se estou aflito é por ter bom faro
e pouca astúcia para enxergar veneno
quero o dia todo e a madrugada
fazer-te compreender meu dialeto
que jorra com afinco uma jornada
de angariar fluidos de amor perto...
assim me imponho... inspira
alma mágica que apanha
todo meu dom, me respira
fixa-me o zen na entranha.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Amor Subjetivo (Conto - Tentativa VII)
Viu-se diante arcanjos que lhe adiantaram que os amores loucos que sentia pela imagem que criara em mente fariam dele um fracasso. Cego, não entendia o porquê de estar condenado a uma distância ininteligível de mundos, já que o amor da juventude predito no Banquete é o mais antigo dos deuses e, para tanto, como um deus não haveria de estar nunca privado de transitar por entre os planos.
Quando sentiu em seu corpo a gélida sensação de não perceber a presença viva de sua amante, tragou num gole o restante da Boi Parido. Vislumbrava uma empresa de que caso o álcool lhe rasgasse o fígado nem se pronunciaria ao fato de que sequer tocou na moça.
Não havia sentido continuar essa ilusão enfurnada em sonhos dos quais a embriagues - já por dias - consumia.
Em tal tempo, ele a viu aproximar sigilosa. Disfarçada em vultos que a lucidez desapercebia. N’outro gole lhe veio novamente, agora com um rogo instalado no irrefletido – Venha encontrar-me...
Onde? Como? O por quê para ele era certo.
Rente ao chão, lançou um dos braços na captura de uma faca que lembrava estar na cozinha jogada, por conta de ter nesses dias usado como chave de fenda para parafusar um suporte.
Esquecia-se que há muito saíra de casa e estava agora dividindo espaço somente com as sete garrafas de Boi Parido guardadas numa grande sacola de couro costurado em remendos junto a alguns livros...
Olhou o ambiente da construção onde estava.
Prédio antigo, há muito abandonado. Lembrou-se de saltar o muro e se dirigir pro terceiro andar.
Sentia-se em qualquer sala.
Não fazia sentido continuar tão ávido por detrimento em compromisso tão incerto. Mesmo assim se entregava. Acreditava
Retorcia-se, amargurava-se e pensava individualmente que ela haveria de estar sentindo o mesmo...
Individualismo? Não? Se todos os seus desejos se encaminhavam para o encontro de tal amante que lhe interrompia até a própria sobrevivência, fazendo com que o atordoado poeta largasse a ilusão da vida na crença de que ao fim de tudo a encontraria? Loucura!
Tudo estava sendo movido por uma vontade constante de tê-la em seus delírios milhares de centenas de vezes, pois só assim ele se sentia forte em absoluto para buscar em qualquer plano a felicidade infinita em controvérsia da tristeza. Mas, para aparecer ela se demorava.
Tal paixão insana era tanta, de quantidade desumana. Compreensível se entrarmos no empirismo de conhecê-lo pessoalmente e sentir de perto a rajada emocional que dele aflora, envolvendo seu complexo entusiasmado de somente ditar sobre como seria a ocasião de encontrar seu amor distante.
- Nunca desista de sua atração por meus anseios. Apareça em minhas alucinantes conformidades.
Dizia ele mais a si que aos outros, achando que talvez sua esquizofrenia amante o escutasse mesmo há anos luz de espíritos metafísicos distantes.
Foram três semanas sem dormir e a meditar com calma. Nem toda a agonia que reluzia de seu peito... nem toda a desesperança medonha que sentia o fez esquecer de tão mágica aparição.
Seus olhos dormentes não conseguiam sair da vigília catatônica que malograva sua liberdade.
Lembrou-se por hora de sua mãe, mulher honrosa, amorosa em todas as horas e altamente religiosa. Tinha o aspecto físico frágil com reentrâncias nas omoplatas, deixando à mostra a forma magra de seu corpo, quando aleatoriamente põe um top que realça e cobre o busto de negro como seus olhos, por onde se percebe alguma espécie de sentimento oblíquo.
Deu uma risadela de canto de boca e lhe veio em mente que sua irmã mais velha não conseguia discernir de nenhum modo as situações que o mundo lhe impunha. Isso lhe veio puxado pela insinuação do riso. Concluía que ela era burra feita uma porta. Por ser baixa em altura se fez arrebitada
Cárila é o nome dela. Algo em torno de um metro e sessenta de altura. Seios grandes e robustos. Os dentes se mostravam a qualquer um em fascinante sorriso; todos dentro da boca. Realmente traz Cárila o ar da beleza. Mas, irrompe de abusos no descoloramento dos pêlos para fazer render uma vaidade que somente à classe média cabe gosto.
Inara... Recordou-se de súbito. Sua irmã mais nova. Tinha por ela carinho particular e extremoso. Gozava de quatorze anos da puberdade que nessa idade é que se impõe eterna. Era forte em temperamento e astuta
Sucessivas lembranças lhe fizeram refletir sobre como ocorreu dele ir parar naquela saleta que cheirava a cimento batido e pó de areia.
Foi numa tardezinha onde gastava a sorte lendo Augustos dos Anjos, ouvindo Cartola e Noel Rosa. Numa tarde distante de perceber seu errôneo sentimento, pois não reconhecia que aquilo que lia e ouvia servia por certo como absoluto de suas verdades e que sempre haveria de excitá-las com violência. Insistia assim, mais burro que sua irmã, em algo inadequado. Algo que não tinha. Que não existia. Desta maneira foi que sucumbiu. Decidido a apenas ser junto duas pessoas sem nem ter por base o que haveria lhe causado tal desatino. Dizia que tratar a essência como este delírio funcionava como catalisador de suas psicoses.
Tratava-se, na real, certamente de um ardil para tornar surreal qualquer imagem ou ato. Desta maneira não me espanta o fato dele “ver coisas”.
Trazer imagens do inconsciente de olhos abertos.
Acordado e são!
Teorias malucas...
Depois de nove anos de estudos filosóficos dentro da sutil involução retilínea que existe em frente ao mundo acadêmico no ocidente seus delírios falavam alto e tomavam conta de toda sua energia vital. O guiavam por caminhos onde se instala a loucura que reduziu nosso amigo a um ordinário demente estupefato diante mil vultos de mulher que ele dizia ser sua amante.
Ao findar daquela mesma tarde de paredes rabiscadas com mantras ebós de orixás e ditos de alguns sábios pensadores em seu quarto deu de ter convulsões características da incorporação de entidades. Sua cabeça não se cansava de bolar perguntas e nelas inculcar qualquer tipo de argumento que fosse de encontro ao fato dele ter de se entregar de vez a sua amante imaginária.
No meio de uma lenta e extensa tontura suava frio com a respiração forte. No chão estava em estado febril. Olhou a aresta da parede onde lhe interessava o filtro dos sonhos dependurado em um prego a um palmo da quina. Daí começou a ouvir ruídos. Enlouqueceu. Gritou alto.
Pegou a bolsa de couro costurado, uma peça de roupa, os livros, 90 conto e saiu do quarto num pulo que o fez ter de encontro esbarrado com sua mãe. Os dois pasmaram-se por um momento, quando nosso amigo soltou outro grito enlouquecido e gritou tais palavras a seu cachorro:
- Só a embriaguês torna são um homem louco!
Correu pela rua até encontrar um armazém de bebidas. Comprou sete garrafas de Boi Parido e foi andando, com uma delas já de goles após ter posto as outras na bolsa.
Já estava escuro quando encontrou a construção, pulou para dentro e na sala em que se encontrava e no que desmaiou sonhou com a imagem de uma mulher que ele havia esse semestre configurado na cabeça. Ela aparecia linda com os braços pintados de verde, um belo cocá vermelho na cabeça e um saião de seda de um branco transparente. Trazia os pés descalçados e os seios nus.
Ele foi felino em abraça-la. Tacou-lhe um beijo e ela contribuía jorrando desejos pelos poros. Amaram-se durante horas de sonho até que ele despertou ainda ébrio.
Procurou outra garrafa de cana por conta de ver se novamente desmaiava. Foi capaz de finda-la toda em três goles. Não desmaiou. Daqui que lhe veio o recado do outro mundo e a agonia de buscar a faca para cortar seus pulsos. Quando percebeu que estava em meio aos escombros da construção, levantou-se num salto ágil e, avistou algo brilhante vindo da paisagem que o buraco da janela dispunha. Era “ela” com a mesma forma e vestimenta que apareceu em seu sonho. Desesperado, nosso amigo quis correr ao seu encontro, mas, os três andares lhe impediam.
Enquanto ela se aproximava o sol nascia fazendo cócegas no horizonte. Na busca de enxergar a imagem que sumia nos raios da estrela, nosso louco ficou cego, quando de todo o sol disposto.
Era dia. Ela havia desaparecido. Ele se frustra enquanto urina para dar lugar a mais uma garrafa de Boi Parido.
Quando do seu olfato não agüentou mais o cheiro do álcool misturado com os ácidos que iniciam a digestão no estômago foi que deu a compreender que a morte viria se ingerisse ao menos mais uma gota da bebida.
Revirou-se por entre os escombros e sem querer sentiu um papel na mão que puxou
Mas, aquelas aguçadas intromissões neurológicas já estavam passando dos limites. E como tudo o que chega ao ápice tem seu devido declínio subseqüente, achava ele estar no fim de uma situação, onde qualquer circunstância poderia desregular o caminho do seu destino.
Como a sobriedade já estava tomando conta de sua consciência ele abriu outra garrafa e começou a degustá-la com uma lentidão tão profunda e oriental que parecia ser a última.
Aos pouco foi novamente entrando no ar obliquo o qual se encontrou por algumas vezes enquanto narro esta história.
Às vezes, quando existe a idealização de um ser dentro da consciência humana, esta se desprende da sanidade em variáveis níveis de dormências musculares, numa excitação sem freios a determinado aspecto que chega até a espreitar sonhos alheios, esperando que esses lhe sirvam de alimento. Sonhos esses que também contribuem para uma sonâmbula fluidez que vagarosamente se deixa acordar como parte de um despertar vagabundo que se sente satisfeito apenas com um bem dado amplexo.
Não me recordo há quanto tempo e nem quantas garrafas tomou nosso amigo desde que saiu de casa. Apenas tento entrar de forma um tanto grotesca e inusitada na sensação de desprezo por tudo o qual ele se encontrava; na sensação de total afeto esquizofrênico que lhe acometia e também em sua entusiasmada busca por uma unificação etérea de freqüências, onde pudesse deslumbrar um ser e o sê-lo e com isso se aprazer da mesma água que a gente sendo fogo apaga e do mesmo fogo que pela água a gente se deixa apagar de loucura.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Nós na data
na dança estardalhante de suas datas
cores empilhadas, misturas do belo e do burro
mistura pois dentro e através dos muros
onde escondemos o ar barulhoso de nossas tardes
por certo é que só quem passa faz do encanto
o espírito e não se cança... o cansaço é certo
virado e rente à cruz do grande mistério...
vendo tanta gente no calhamaço escorrido pelas vias
de estouros e harmônicos entre metais e cerveja
entre as mais mortais das vozes...
na maioria das vezes...
confuso e ardente ao irritante adorno da euforia
responsável em absoluto pelo desejar do lance a cada lance
alheiam-me as memórias de antigos prazeres sem causas
somente por estar no burbúrio que infecta
não por doença, mas que nem... de sintomas virulentos loucos
todos amalgamados... todos nós nas festividades de aproximação com o bicho
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Salve
Tantos carmas que fogem por vacilo e, ainda
Metem grilo nos ouvidos
Não existe possibilidade de imobilizar traquéias
Nem mesmo de lamber gargantas velhas
Ou dos velhos pesares tirar alguns prazeres
Possível é a mudança habitual da forma
De lidar contigo. Passível estou para sem rancor
Partir sem presenciar teu ombro amigo
Pode ser pretensa a vírgula que pontuo
Em teu perdão
Pode ser até crença; avolumada pretensão
Mas, peço! E nele misturarei profundo timbre
E nele espero que para a lua
Meu ambiente interno migre
A culpa me ventila em teste de salto livre
A corda que puxei enforca o olhar pro chão
Conduzo meu rebanho de camélias
Para que toda vida esteja em tua mão
Salve a cor da retina da névoa que enxergo ao longe
Salve a força que do sonhar nunca se esconde.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
O caso da Bealsdona (Conto Tentativa V)
Douglas morava no F. Marley no E. Eu no D. Thiago no C. Regina no B e, finalmente Danilo no A. Combinamos de, do F para o A, ir subindo pelos becos das ruas, passando de casa em casa até chegar.
Sempre foi assim na real... A galera era colada mesmo.
Claro que ninguém passava lá no Douglas. O F dava para um brejo cabuloso. Da casa dele só se sai-saindo, por conta de depois do brejo não haver nada. Só mato. E todo o comércio se encontra na outra direção.
Quando chegaram Marley e o bicho lá em casa estavam os dois grilados por conta das histórias de um primo tal que havia lhes contado sobre os efeitos colaterais da plantinha bonitinha e cheirosinha. Diz-se que essa parada é abortiva! Que você nunca mais pode voltar da lombra. Que sempre deixa seqüelas naqueles que a experimentam.
Seqüelas... Como estados de demência, onde a pessoa se comporta de maneira um tanto retardada em situações cotidianas.
Dei valor não, ainda mais que outro dia a gente tinha feito uma seção de cogumelos. Passamos sete dias na loucura. E daquela vez, também soavam boatos sobre o caso de um maluco de skate doidão de cogú ter parado em frente a uma bomba de gasolina e danado a atacá-la com o lado dos truques e das rodinhas. Enquanto golpeava, veio um frentista e deu-lhe um encontrão. Voou uns dois metros e pôs-se a chorar.
- AArrrhhhh! Meu amigo está lá dentro. Arrrrrrhhh! Meu amigo piriquito!
Nossa! Meu irmão, que doidêra.
Outro caso de mesma ocorrência foi que o Farofa chegou em casa na madrugada e ligou o som na maior das alturas. E cantando junto e bebendo sabe lá deus o que, foi interrompido pela mãe.
Toc, toc, toc.
- Menino! Abaixa este som que já passam das cinco horas da manhã, pombas!
Farofa abaixou o som e não deu dois minutos baixou no quarto de seus pais, escorregadio pela porta tipo o Kramer do Seinfeld.
- Mãe! Vamos lá para a cozinha que temos de preparar comida para quatro pessoas amigas minhas que vieram dormir aqui e estão mortas de fome!
O pai do bicho indignou. Pulou da cama já gritando puto o por que diabos pessoas estavam na casa dele aquela hora e o por que demônios não lhe tinha o Farofa avisado.
Foi um passo pro quarto do Farofa e lá não mirou absolutamente ninguém.
- Puta que Paril! Você deve estar de sacanagem com a nossa cara! Liga o som numa altura sem limite na madrugada e ainda vai comprar desaforo com a sua mãe de fazer comida para ninguém! Como assim? Você só pode está drogado seu moleque!
- Qualé pai, não delira! Está vendo não? Este é Rodrigo. Aquela Micaela. No canto ali tá o Francisco e esse do teu lado é... Como é mesmo o seu nome?
Nossa... O bicho saiu apontando o vento e dizendo sério que no vazio havia pessoas que conviviam conosco. Tipo espíritos. Deu até nome a eles... Até esqueceu o nome de um deles!
No dia seguinte o Farofa foi internado. Ele até hoje anda meio alucinado.
Por vez não é que convidou Regina e eu para irmos numa cachoeira que dizia saber onde ficava!
Veja bem. Chegando lá, era um poço de 1X1 e um filete d’água que despencava garoa de uns nove metros de altura.
Tomar banho ali só de cuia. E no mais tem que jogar a água nas costas. Horroroso! Voltamos para trás.
Quando na pracinha trombamos o Glauco - que foi quem esparrou a lombra do Farofa pra gente - o próprio Farofa marcou pro dia seguinte nos guiar até outra cachoeira mais distante, seguindo o curso do rio lá do poço de 1X1.
Rolou. Foi até mais gente. Chegamos ao poço e daí o Farofa disse que tínhamos que descer pelo rio.
Lá fomos.
Andamos por mais de cinco horas seguindo o curso por dentro.
Tinha um mano com um cachorro pastor, bonitão. Outro que levava vários suprimentos indispensáveis dentro da touca para não molhar, tipo cigarros da geral, fósforos, esqueiros, cedas, os do verdim, etc. - caiu no caô de que quando o rio faz barriga se tem de passar pelo meio. Só tinha eu sabido dessa para barcos...
Foi lá o pastel pelo meio... Afogou até a cabeça. Conseqüentemente molhou todas as coisas.
Interessante é que no final aconteceu algo quase parecido com o pastel lá do cachorro... Só um momento.
Sim. Chegamos até a cachoeira. Farofa correu por sobre uma pedra e se jogou. Para mim o bicho tinha se matado. Quando penso que não, um poço. Pô. Massa!
Para quem conhece é a da Embrapa. Aconchegante e com águas boas de se misturar. Dominamos no ato. Mergulho, zoeira e se jogar nas pedras morto de nadar pra fritar igual um calango.
Mas, os malucos eram meio babacas. A conta de tu dormir que te sacaneavam. Fato surreal foi a havaianada no ovo que o Jander deu no maluco da touca.
No ovo, de fazer mancar três dias.
O Farofa tomou foi um queimadão de lagarta.
Sem limite!
Mas, engraçado foi o truta do cachorro que ao final disse ter sido o mais esperto por conta de ter levado uma roupa extra e que nós estávamos todos sujos e molhados por conta de termos feito a caminhada pelo rio. Ele lá todo pu pu pu caminhando pelo caixalete de concreto que tem, onde passa a cachoeira e ao meio se encontra uma espécie de caixa d’água. O maluco lá de boa, tirando onda e lavando os pés e, de repente: Timbumshua! Ficou pelos cotovelos se apoiando no concreto e pedindo ajuda para sair.
Tinha um buraco no meio da extensão do concreto e o bicho caiu dentro da caixa d’água e se molhou inteiro! Quase se afogou. Risadas a parte ele voltou todo molhado para casa e se imundiçou no caminho.
Enquanto íamos em direção à casa de Thiago dei de contar essas histórias.
Beirava já umas três e meia.
- Êi pessoal! Silêncio aê, rapidão! Xiiiii. – Pronunciou Marley insinuando vozes que pulavam por trás de um dos muros do beco.
- Curte só. Acho que tem um casal discutindo. – Continuou.
- Poxa vida. Eu não fui feita para ficar sozinha. Faz 13 anos desde que nos vimos pela última vez. Eu estava tranqüila sentada na saleta da varanda e você chega do trabalho sabe lá com que moléstia e diz que vai me abandonar, sendo que não faz nem três semana que chegou?
Percebe. Uns barulhos esquisitos de facas tilintando sobre a mesa e suspiros profundos demonstrados. Não sei nem se a moça estava falando com o marido, com o filho, com o primo ou com a parede, só que não se ouvia resposta. Daí já num é discussão.
- Eu preciso ir. Não dá mais para ficar aqui nessa vida. Tenho de rumar para outro canto imediatamente. Você tem que entender. Daqui três anos eu retorno. Agente termina de conversar.
Outra voz de mulher.
- Mas, estou quase para morrer! Em três anos talvez eu já não esteja mais aqui minha filha!
Ah. Agora sim. Deu para sacar que é discussão de mãe com filha.
- Se for o caso de você morrer eu venho imediatamente. Não se pode evitar esse tipo de coisa. Estando eu aqui ou não você vai morrer. Até eu posso morrer pra onde vou. Talvez seja a senhora quem irá em meu enterro.
Caramba. Bolei com esse comportamento. Do tipo muito dôooido e... de rocha.
- Papai chegará em uma semana. Não há com o que se preocupar. Irei sair esta noite e não precisa me esperar. Deixe as coisas como estão e vamos seguir as nossas vidas separadas. Não quero ter de cair na desfeita negativa dos pesos do passado.
Rancores, depressões?
Fraquezas de espírito, isso sim.
Eu já não tenho nada a ver com tudo isso aqui que vocês chamam de família. Se Ingrid me ligar, por obséquio avise que a amo e que em breve iremos nos encontrar.
Terminou o discurso dela enquanto passávamos para outra área verde.
Dava para ouvir. Mas, na verdade isso é o que entendemos que estava acontecendo. Ouvia-se também soluços distantes, meio de criança depois de um xorerê.
- Thiaaaagooooo!
Gritou Douglas, forçando os braços contra a muretinha da casa e impulsionando um salto que o colocou sentado com as pernas viradas para dentro do quintal.
- De qual é, seus comédia!? Vamos seguir? Acabo de falar com o Danilo e a vó dele já saiu faz tempo. Por conta do quê vocês demoraram tanto?
Saiu Thiago descalçado, virado num andrajo.
Thiago fala. Parece que tomou água de chocalho. Assim diz minha avó quando ele vai lá em casa.
- Esse menino fala mais que o homem da cobra. Parece até que tomou água de chocalho.
Ainda mais de férias. Sem nada para fazer, tendo que saltar de bicos para render um troco...
Curioso o fato de quando ele está de trampo se cala. É de se ver. Mas, do contrário, fala... De causar vertigem em bêbado.
Para seguir e confirmar, disse ele:
- Ontem fiquei nas madrugadas acompanhado por uma obra magnífica.
- Ah é? E qual foi? – Retruquei seu gosto.
- Por um acaso você já teve o prazer de ler Reflexões sobre a vaidade dos homens? Livro definitivamente magnífico!
- Creio que ouvi falar. Não seria de Matias Aires?
Tinha outrora me ido com uma colega pesquisar livros em um sebo. Lembro-me de ter sido ludibriado pelo vendedor por cálculo desse livro que comprei por 6 pratas. Barato até teria sido se o seu conteúdo fosse mesmo o de seu titilo. Não era. Comprei uma coisa e me veio outra dentro. Não ousei lê-lo inteiro ainda, mas sei que não tem nada que ver com Matias Aires ao passo que trata de astrologia e da expansão de satélites artificiais na órbita terrestre... Só isso. Vamos ouvir Thiago.
- Olhem que no ontem a noite fui ter de encontro com uma moça e, no ínterim, para resumir, fui arrastado pela madrugada. Fiquei sentado na rodoviária lendo Reflexões sobre a vaidade dos homens. Como já tinha puxado um basenight e estava já ressaqueado de tabaco e cerveja, li como se faz com livros de conselhos espirituais, onde se fecha os olhos, pensa em uma situação trivial da vida e abre em quaisquer página. Já havia eu feito isso com outro autor. Passamos a noite inteira no apartamento do Diógenes perguntando coisas para o livro. Foi engraçado e, vai por mim, caso escolha o livro certo ele te diz tim tim por tim tim o que está rolando. Foi nessa que todo mundo embarcou naquela piada interna de ao invés de se falar - numa situação de negação - Deus me livre, a galera fala Deus e o livro! Lembrei também da vez que o Chico viajou de interpretar as imagens contidas em alguns livros satanistas. Umas pinturas renascentistas com demônios degolando anjos e bruxas mágicas sobrevoando os ares, lançando raios pelos dedos sobre os deuses do Olimpo! Tudo só para loucos!
Toca o telefone de Douglas. Salvos pelo gongo.
Douglas se afastou mais, indo de passo longo para casa de Regina.
Thiago prosseguiu.
- Aquele maluco. De pé no teatrinho de arena que tinha lá em Sobral. No alvoroço do tapa da embriaguês, lançando verbos sobre a verdade contida por trás das imagens de Lúcifer. Três, sentados na escadaria alterados pelos desacordes das notas apanhadas com agressão do violãozinho guerreiro que já pulou até muro de casa dos outros para fugirmos da polícia. Todo mundo num berreiro periculoso. A gente fumando erva atrás do Ponto Frio. Da vez que o segurança sentou o aço na reta do Chico por conta dele ter dado com o caibro em sua cabeça. Somente zoeira fí. Naquele tempo era terror e pânico!
- Olha só. Regina me ligou e já está lá com o Danilo. A féla nem esperou. Mas, também a gente enrolou para caralho. Disse que o chá já está é pronto e que Danilo já tomou a dose dele.
Informou Douglas que já ia de virote no beco para rua do Danilo.
Dei umas passadas longas tipo final de corrida. O povo me acompanhou.
Chegamos dois palitos.
- E aí geral?
Nos recebeu Regina. Os cabelão bonito de caracol na cabeça.
- I aê! Cadê o Danilo? – Perguntei.
- Da hora que liguei pra vocês ele entrou no banheiro.
Disse ela com um ar meio suspeito. Meio irônico. Meio escondendo um riso por trás de pensamentos meticulosos. Fiquei um tanto preocupado, mas, quando vi Marley enchendo a taça de cristal até o gargalo me desfiz completamente desses pensamentos.
Fui ter com Danilo afinal.
Bati na porta. Nada.
- Bóra meu camarada é a polícia! – Gritei de sacanagem.
Nada.
Uai! Deixe ele aí e ver até onde vai.
Peguei a menor taça, porém que eu achei mais bela. Com detalhes de prata e voltinhas tribais disciplinadamente simétricas conjuntando a forma de um elefante no centro. Na borda havia silhuetas douradas de um segmento de linha barroca.
Enfim, despejei o chá na taça. Para mim eu já estava em outro planeta naquele instante. Douglas já tinha tomado duas doses e transitava sorridente pela sala, repetindo em voz alta que não ia bater.
Dei minha talagada. Urg! Gosto péssimo. Tanto que devo ter feito uma péssima cara, pois Thiago se acabou de rir depois que bebi o veneno.
Sentei-me na sacada, uns trinta minutos depois que bebi, virado para a sala de modo que percebia Regina na cadeira de balanço de olhos fechados. Douglas que corria atrás do próprio rabo dizendo que não ia bater a lombra e Thiago deitado meio babando no colo da Marley que acomodava igual passarinho o pescoço escaguletado na parede. Danilo não se sabia. Ainda mais que eu não conseguia me mexer de forma alguma.
Comecei a olhar para a parede e não me parava de zunir o ouvido a voz de Douglas – Não vai bater, não vai bater, não vai bater...
Avistei uma imagem de uma cadeira na parede.
Não vai bater, não vai bater, não vai bater...
Engraçado. Via-me sentado na cadeira. E quando isso de sobressalto me passava pela cabeça o meu referencial era eu sentado na sacada. Eu sentado na cadeira olhava eu sentado na sacada. Por vez inventei de olhar para o outro lado. Via outra cadeira e eu sentado nela. Daí me vi sentado na outra cadeira e sentado na sacada, sentado na cadeira.
Isso me dominou durante boa parte do que estava eu viajando.
Quando consegui sair dessa lombra eterna vi Danilo sair do banheiro flutuando e indo em direção ao Douglas que já estava esquisitofrênico de tanto repetir que a loucura não ia bater, andando rápido. Muito rápido de um lado a outro.
- Galera! Douglas! Você ta me ouvido?
Danilo se pronunciava e Douglas não dava a mínima. O restante estavam todos despejados pelo chão. Regina ainda no sofá. Estática. Parecia que estava meditando. O que será que devia de estar acontecendo com suas memórias?
Eu poderia crer que isso tudo era viajem da minha cabeça. Mas, não.
- Êi gente! Vejam o que aconteceu comigo! Não estou dentro do meu corpo! Meu indivíduo está jogado no chão. Vão lá no banheiro! Gente! Alguém me dê ouvidos!
Danilo se agoniava nos ares. Eu não conseguia me mexer um tasco. Ninguém percebia Danilo. Era tão estranho...
Conseguia escutar tudo o que ele dizia. Conseguia vê-lo nitidamente na minha frente. Conseguia sentir sua presença. Tudo inacreditável.
Cada espasmo dado de incômodo intestinal que sentia, devido ao gosto amargo e adstringente daquele copinho floral, era um embate com meu estado paralítico.
Sentia tudo... sentia nada...
Já parecia que era outra lombra, quando Danilo me veio de testa, olhando fundo em meus olhos com o corpo no vento.
- Você me pode ouvir? – Disse ele.
Forcei a máxima obra da fala, mas meu espírito estava completamente extasiado, de forma que o sentia roçando a pele em fuga, esquecido de ser gente.
- Pooooooooosssoo...
Pensei. E no pensamento desaparecia as outras coisas. Era firmar pensamento e desistir dos outros. Mas, Danilo continuava voando em minha frente.
- Êita porra! – Gritou uma voz desconhecida de algum lugar que ouvi.
Mirei um movimento e segui com os olhos a porta do banheiro se abrindo e Danilo no chão apagado.
Fiquei de cara. Realmente eu estava louco. Mas, não conseguia me mexer e aos meus olhos os outros estavam igualmente estáticos.
Foi bem devagar e sem audição que me invadiram as imagens do imediato enquanto recobrava a autonomia de alguns movimentos. Percebia agora os outros com menor melindre. Regina já passeava pela sala ao telefone.
No ato que consegui me levantar, pensei em Danilo.
Fui ter no banheiro.
- Cara! Sai daí! Preciso usar o vaso.
Disse isso e nada.
Repeti mais outras frases e começou a preocupação. Dei algumas murrancas na porta e... nada. Pedi para parar com essa palhaçada e que daria cinco segundos para ele sair dali senão eu entraria no arrombo.
Meti o pé na porta. Danilo estava escorado com a cabeça no bidê que transbordava em água e sangue. Algo escroto morto. Enfadonho.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Anseio cedido
Meu ego amplexo oleoso e instável
Das cargas que teria por obrigação carregar
Ao vento sobrou a ingratidão de não mais
Soprar os colapsos deixando-os colidir no ato de pensar
Que vale mais que a dor que ainda almejo
É a sensação sadia do beijo... não
Estou mais aqui! Fundi-me com as cores da relíquia
Supra humana do carinho de tuas natas
Onde chegar... subliminarmente não conseguir falar;
Menos ainda encontrar ou gesticular sobre o que escondo
Das pálidas penas que o sono me traz para nada o sono resta
Escrever as histórias que passo...
Nada e resta sono a linha a espera do abraço
o Infante
Rentes ao sortilégio onde caio
Noite atraente que falha as frestas de um abismo
E que a mim só faz sentido de soslaio
A espuma a qual me deito não acolhe nem as plumas
Daquele pássaro abatido... Devia eu ter rendido forças
Indiretas lacrimais ao invés de por deleite ter elas contido
Na mesma lama em que mergulham aflitos
Seres fracos com efêmeros princípios
Já nadei, perdendo ar de tanto esgoto e,
Agora sei que mesmo sem entender
Que ser garoto fácil é querer dormir contente
Livre de anedotas subconscientes
A fio dominantes...
Retiro das centelhas do medo
Equívocos permanentes d’antes
Na intenção de sentimentalmente ser sadio
Trabalhar comigo... acalentar o amor e tê-lo como abrigo.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Pode ficar
Ilusões daninhas tais que adormeciam
depressões confusas por certo
rodaram-se juntas num moinho
tensa clarineta aguda que devora
é o som todo que agonizou minha fronte
sei que se seja estorvo seja agora
já que a mim não cabe ao céu nenhuma ponte
faz falta não toda a vida
da arte incapurável de um ninguém
que por demais seu sono atordoa?
ou bibocas velhas substâncias
que rancam tampa ao grosso amém
Conteúdo falho súbito que ecoa?
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
E-Difícil’us de carne (Parte II)
Nem tanto se mostra, mas, o auxílio é fixo ao fruto horizonte.
Deitar-se em poças.
Caros rumos...
Descrevam nossas soltas saídas
Nossas invariáveis voltadas
Nossas empreitadas agonizantes quando em sombrios estados...
Rango.
A arte altera em diferença... Os demais caminham
Triste absurdo ter de sair
Somente por conta daqueles que pecam
Quando sozinhos sem lei
Liquidificações magnéticas... Desconexas...
Convexas.
Conversas,
Consigo inconformadas por atividades escondidas...
Por arrepios que sussurram fronteiras
Cardumes são o que prefiro... Memórias fracas
Raridade atormentada de possibilidade grande como a do palanque
Kai
acharam que não seria eu capaz de honrar ações
malditos! fervam nas labaredas das imprecisões
e rastejem até serem tudo um só bagaço
não medro, se é o que de mim mais almejam
querem eu como alvo das discórdias
mas, queixem-se estou salvo!
meus ritos travam seus tentáculos
estou fortificado pela ausência...
podem vir que não adianta!!
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
O caso de Mari (Conto - Tentativa IV)
- Vem para cá que a gente vê de qual é de fazer os corre.
- Tá. Estarei aí pelas seis e meia.
- Vou esperar. Beijo...
- Cris...
Desligou. Maldito. Mas, se bem que agente nem pode ficar falando muito.
Melhor para fazer é tirar esse telefone do gancho... Senão, por conta de a velha ter alucinado de querer saber tudo da minha vida, a cada dez minuto vai mandar um primo, um amigo de um irmão me ligar só para pentelhar. E é sempre um saco por que conversam tanto que me deixam agoniada e acabo por falar alguma besteira. Deixo escapar alguma coisa... Mas, na real, se começar a chamar eu vou é deixar tocar esse negócio; ligo o som mais alto, tomo meu banho e desço.
Devo admitir estar um tanto insegura por conta de aquele muro ser muito alto. Encontro-me com vinte seis anos na cara e ainda me vêem essas coisas. Legalismo que se dane. Vou lá, subo pela viga de metal que sustenta o toldo da vendinha, rapidamente. Paro. Tomo cuidado por conta de ser galvanizada as telhas. Subo pelo murinho-espaço de metal da viga. Caio para dentro pela janela. Tiro os HD’s tudo. Pego os piercings e entoco dentro da mochila. Em seguida: Pixadão na parede: Otário! Pulo os 10 lances da escada já pela janela. Escoro meu peso na parede, evitando bater na porta, aperto o botãozinho e saio pela frente. Tudo bem pesado e bem medido. Sem erro. Deixo tudo em cima do jamelão e vou em seguida para a sinuca. Isso é claro, depois que o fita lá trocar a idéia, levar a cerva e fazer com que os bichos desçam para jogar o bilhar...
Até aqui, tudo certo.
Na porta do barzinho... Entro... Respiro fundo...
- Uma cerveja em lata, por favor.
Dei uma olhadela de rabo de olho na geral do lugar e já vi Glauco, vindo. Esse é um tipinho que sai na rua somente para ficar alugando a paciência de mulheres que tem muita.
- Mariana? E aí mulher... Tranqüila? Sou Glauco, das 15.
Já me veio beijando. Odeio quem vem já beijando.
- Te conheço sim. O que me conta?
- Joga uma partida com a gente? Ali! – Aponta a mesa em que estão. – Olha até quem está lá! Veja se num é Monev lá da loja?
- É mesmo. Bem que eu até converso um pouco, sabe. Estou ainda apreensiva com o que aconteceu entre ele e o Cris.
- Quiii... Relaxa que essa história já num tem. Fiquei sabendo que os bicho tão até trocando idéia de boa. E que, se pá, Cris vem aqui hoje. Não sabia?
- Não. Depois que agente terminou nunca mais agente saiu nem se falou. E por falar nisso se vocês confirmarem a presença dele me avisem antes, tudo bem? Num estou muito a fim de entrar nessa de unir conflitinhos afetivos no mesmo ambiente.
- Pode deixar que dou o toque.
Tenho que fazer o papel ridículo de quem num sabe nada. De que estou ali de passagem. Daí com uma ou duas partidas que jogarem e seis ou sete cervejas que beberem já estarão altos e me olhando com cara de desiquilibrados, seguramente. Acho que vou me divertir um tanto.
Seduzo Monev e o deixo embriagado. Ele já me chama para sentar mais a fora por conta de mostrar um terreno no alto do morro onde a vista a seu dispor é impressionante...
- Vamos para lá? – Intervêm ele com aflição.
- Prometo que chegaremos em dez minutos. Aposto que nem vão notar que saímos. Daí ligo e peço para irem em seguida lá para casa. Pegamos a farinha e vamos pro meu escritório.
Típico. O cara tem um plano todo na cabeça. Proposição por proposição. Vai ver até que já é antigo e seus amigos, sabendo disso acham até interessante o fato de serem “trocados por uma dama” como amam comentar que adoram ser.
Na noite o que há de mais previsível é o homem, posto que poucos sabem se esgueirar nas sombras que à lua escapa. Acham que nada se constrói e esquecem que é nas sombras, onde se encontram as coisas perdidas que nunca serão descobertas de dia.
Monev quer tudo imediatizado pela segurança de sua circunstância. Mas, tudo bem. Imagine se ele soubesse que seus oito HD’s com os arquivos da revista de março de 2000 a dezembro de 2008, estão em cima de um pé de jamelão. Junto com sua coleção de piercing’s que nem sei quantos anos tem o mais antigo; e que na parede de fundo de seu escritório está escrito um enorme: Otário!
Nem se fala... Ai se ele soubesse...
Glauco estava com Jônatas que sorria aos berros por ganhar partidas seguidas em cima do coitado. Na mesa de centro, um pessoal divertido conversava baixo umas conjeturas que aparentavam ser sobre música e filosofia. Eram todos homens. Estavam tão bêbados que não dava para olhar diretamente em seus olhos. Cada lance de sinuca virava uma piada. Falavam baixo. Mas, riam como os porcos relincham. Será que todo mundo bêbado rir grosseiramente alto? Pareciam também tecados. Deviam ter rasgado um baralho violento.
Enfim, sei que a conversa com Monev estava até boa. Gosto do papo dele por que tem a manha de fazer uma história se ligar na outra como ninguém. É um contador de histórias nato. Também por que já viajou o mundo inteiro e é hiper-ativo com as palavras e conta caso aos bocados.
Resolvi dar uma colher de chá para ele. Pediu-me um beijo, eu dei. Mas, no espasmo da embriaguez ele me veio:
- E tu e Cris, como andam?
- Fiquei sabendo que ele virá aqui hoje, de modo que terei de partir daqui a pouco. – Respondi no ato.
- Então vamos comigo agora! Creio que ninguém vai dar bandeira. Agente fala com a galera para dizer a ele que eu não vim ao encontro. E você de fato não tem nenhum motivo especial para estar aqui. Não é mesmo? De modo que não há como ele suspeitar. Que tal?
Cris marcou mesmo com eles? Se ele aparecer aqui vai formatar um jogo muito perigoso. Mas, creio que não. E ainda, ele deve estar agora dentro da casa do tio do Glauco, levando as pratarias e jóias. Virado num Menegeth escorregadio pelos telhados das Mansões do Rio de Janeiro na década de 1920.
Mas, o que vale dinheiro mesmo são os documentos de engenharia, posto que o tio do Glauco desenha arquivos de protótipos para várias empresas automobilísticas. Cris disse que sabia onde estavam estes documentos e como consegui-los. Vejamos.
- Oooi.
Veio Monev interferir meus pensamentos, passando a palma da mão dando tchau na minha cara.
- E aí, está viajando? Vamos ou não? Se bem que podemos ficar no escritório mesmo...
E agora? O que faço? Ah! Vou levá-lo para fora e ficar conversando besteiras, enrolando. Darei a entender que aceito seu convite. Daí dez para cinco tomo um ônibus e vou para casa. Já estão dando quatro e meia. Preciso preparar algumas coisas antes de ir me encontrar com o Mino. Principalmente resgatar a mochila. Já estou ficando agoniada.
A rua estava vazia. Não havia mais nenhum outro boteco aberto. Só uma barraquinha de cachorro quente que dava de frente para a sala dele. Num é que bem na hora que estávamos saindo da sinuca junto conosco saíram também os bêbados filósofos! Monev não sacou nada. Ao menos é o que deu a entender.
Cantarolavam músicas do Cartola.
Quando eu menos esperava uma ação excêntrica vinda daqueles malucos, um do cabelo grande vestido com calça social cinza, blusa marrom com um estranho símbolo impresso no peito esquerdo se lançou exatamente onde a pouco eu havia subido para entrar na sala de Monev.
Só que, puta merda, fiz menos barulho! Os vizinhos ouviram sua ruim performance no andarilhar por cima das telhas de metal e danaram a gritar:
- Êi, êi!!! Haaaaa!!! Haaaa!!!
Como homens das cavernas.
Num ímpeto de raiva o morador da sala sob o escritório de Monev arremessou o que parecia ser uma tampa de gaveta. Nossa! Foi quase! Por um triz não acerta a cabeça daquele louco. O que haveria ele de fazer ali? Só que por dentro eu estava achando ótimo já que aquilo poderia ser um álibi dos melhores.
O maluco saiu correndo e entrou pela janela de Monev que se desesperou:
- Fique aqui e me grite se o filho da puta sair. Vou ali chamar Jônatas para agente quebrar a cara desse desgraçado.
Eu me ria por dentro inteira. E pensava: - Covarde nem para bater em bêbado serve.
Daí o maluco saiu da janela e lançou-se de uma altura mais ou menos de 4 metros ao chão por trás do prédio de Monev e desapareceu. Fiz o que ele mandou. Gritei:
- Monev!!!
Ele chegou desesperado me perguntando o que havia acontecido, eu disse – Ele pulou e sumiu no meio daquela escuridão ali.
Tomaram do carro, Jônatas e ele, foram atrás do maluco.
Pensei em ir embora, já que seguramente os vizinhos chamariam a polícia e sobraria para mim testemunhar qualquer pendenga que acontecesse. Ainda mais que dono de bar, para livrar sua cara, acusa é todo mundo e logo solta uma do tipo: - Aquela dali também estava no meio!
Enquanto isso Glauco se dirigia para o escritório. Tenho que me ir. Havia um táxi parado na frente do bar. Devia ser de outra pessoa. Pensei em tomá-lo, mas, na verdade fiquei preocupada: Como haveria de resgatar minha mochila depois dessa? Pensei. Vou esperar os meninos voltarem. Daí eu vejo o ânimo deles. Não posso ficar aqui. Não mais.
Vou pegar a mochila agora. Glauco a essa hora já sabe de toda a presepada. Já deve ter ligado pros meninos. Estou vendo tudo já. Deu bosta!
Pensando bem não foi uma boa ter ido ao encontro deles no barzinho. Nossa! Tem muito elemento contra nessa história. Mas, puts! Como eu ia saber que um infeliz agiria daquela maneira, como um louco varrido? E ainda, será que Cris virá mesmo aqui hoje? Não venha, meu amor, senão será a maior roubada...
Será que está dando tudo certo com ele? Eu ao menos já tirei meu corpo da cena. Será que ele foi pego dentro da casa? Deus e o livro, nem pensar...
Bem, como sempre faço: respirei fundo e dei a olhadela geral. É isso: Os bêbados músicos! Estavam de carro.
Lembro-me que ainda a pouco quando um deles inventou de subir no prédio alheio, acordando todo mundo como um paspalho e o cidadão tacou-lhe um pedaço de pau, outro se indignou a gritar: - Ta maluco cara! Por que você tenta agredir meu parceiro?
É mole?
Rapidamente me veio a cabeça que se Glauco me ver com eles pode suspeitar de alguma coisa.
Dois saíram de carro nesse tempo. Ouvi que era por conta da polícia. O outro maluco saiu correndo atrás do amigo que se meteu a dar uma de louco. É, não havia o que fazer. Já vejo até meu ônibus virando a esquina lá em cima.
Vai dar tempo. Saio correndo por trás do prédio, chego no jamelão, pego a mochila e volto correndo para tomar o ônibus. Sem olhar para trás... Dane-se! Com sorte Glauco estará averiguando o prejuízo. Não! É se arriscar demais. Vai que eles chegam bem na hora, sei lá...
Tá! Ligo para Ingrid daqui mesmo e falo com Glauco em seguida. Peço a ela que venha me buscar e digo a ele que irei embora. É isso.
Por sorte Ingrid estava na noitada e, a ponto de partir para casa. Pedi a ela se podia me buscar na quatro.
- Claro menina! Estou já passando aí.
Foi rápido que ela chegou. Não esperava. Assoviei para Glauco e disse para me avisar de qualquer coisa que acontecesse depois. Saímos.
Ingrid estava sozinha. Coisa que não acontece muito. Contei o caso para ela da parte que o insano subiu no escritório de Monev em diante. Deu umas boas gargalhadas por que acha bem feito acontecer essas coisas com Monev já que pela sua lente ele é um tremendo filho da puta.
- Será que posso passar essa noite na sua casa? Tenho de sair as seis. Já daqui a pouquinho. Juro que não incomodo. – Indaguei.
- Claro meu bem. Sem problemas.
A casa dela é bonita que só. Construída toda na madeira. Um terreno imenso com plantas por todo lado. Na entrada se percebe o zelo que sua mãe tem em misturar os ambientes. É tudo no vitral de modo que quem entra pela frente é capaz de observar todo o quintal até a sala de estar que dá para os fundos, onde também tem outro vitral como parede.
- Ingrid? Você num vai acreditar, mas, esqueci minha mochila no escritório do Monev. Posso ir com seu carro lá buscar? – Soltei essa!
- Vai lá! Toma a chave e entra sem fazer barulho depois. Se demorar mais de dez minutos chegará aqui e estarei dormindo.
- Não se preocupe. Eu volto e ao sair pela manhã deixo um bilhete.
Tudo armado.
Ingrid é muito complacente. Pedi três coisas em menos de uma hora e ela me concedeu todas com prazer.
Paro na rua da área verde onde está o jamelão. Entro no beco e recolho a mochila, tomando cuidado com os cachorros. Tudo certo. Vou ligar pro Cris. Beiram as 6h15 já.
- Oi Mino.
- Onde você ta?
- Na frente da casa da Ingrid.
- Não vem não?
- Estava preocupada com você.
- Não se preocupe. Deu tudo certo. Temos que partir o quanto antes.
Havíamos combinado um mês atrás uma viajem às escondidas. Já que para todo mundo não estamos mais juntos. Ele disse a todos que comprou uma viajem para Bahia e eu estou de passagem comprada para João Pessoa. Minha tia até me deu uma grana e acha que estou deprimida por conta do fim do namoro até hoje.
- 6h15 em ponto! Vamos, entra no carro e vamos nessa! – Disse Cris quando me viu chegar.
Tacou-lhe um beijo em mim que estremeci.
- Rodolfo está nos esperando e disse que já tem o dinheiro. Todos os 30 mil. Disse que ao pegar a mercadoria deposita na hora em nossa conta conjunta. Devemos chegar lá umas 8h. – Disse ele com muita confiança no espírito, passando a mão macia em meu rosto e rindo um riso amistoso.
Fico pensando se der alguma coisa errada. Mas, se eu falar ao menos um “a” com ele sobre isso vai me vir com sete pedras. É melhor deixar para lá.
Não é que entregamos tudo com exceção dos tais protótipos de carros em arquivo - que sei lá o que Cris irá fazer com eles - e Rodolfo depositou na mesma hora e, na nossa frente, a grana!?
Saímos rumo ao aeroporto de Juscelino. Troquei minha passagem. Tomamos vôo no ato pro Peru já faz três meses e nunca mais comentamos nada sobre este incidente.
Somente Ingrid que me escreveu um e-mail dia desses, dizendo saber de tudo e, que descobriu por que se encontrou com Glauco que disse ter passado aquela noite no escritório. Ela perguntou se por um acaso ele havia me recebido, quando fui buscar minha bolsa.
- Foi buscar bolsa nenhuma! Somente a vi quando vocês saíram juntas. Não mais. – Respondeu ele prontamente.
Ingrid disse ainda que outro dia Glauco havia lhe avisado que seu tio lhe acusava de roubo por conta que na noite do acontecido o responsável por sua casa era ele, Glauco, que tomava de conta da mansão enquanto seus familiares viajavam. Deu o maior bafom.
A danada pediu que eu confiasse, enquanto não mentisse mais para ela.
- Me avisa sempre onde estiverem por conta de se eu ousar fazer o mesmo encontro com vocês!
Que mocinha... Jogou um belo verde, soube de tudo e ainda me tem nas mãos.
***
Sinceramente
Seguras de ter o sol para brotar
Me encontro infeliz a contar
O peso que acarreta minhas dores
A lágrima menor não desce
O sangue, que é vida, me sustenta
Mas, ao passar no coração padece
Ao intuir a ferida desatenta
De que vale uma alegria boba?
Mais do que as palavras que não sinto?
... É o instante que fratura
Um anjo que minha flecha rouba
Um demônio que me atenta... minto!
Travando uma soberba pura
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
E-difícios de carne (Parte I)
Dissolvem minha tremulescência frente ao que percebo.
Sair cedo.
Rumo ao fogo feito de nada
Donde encontro os fumos brisas de horrores...
Risos.
Cardápio pronto do acionamento cognitivo.
Como somos como as salamandras
Em termos ditos ignorantes frente a qualquer ilusão?
Não! Espaço amado-interno retorno,
Respostas.
Calvícies que escapam dedos cheios
Torturas mestras que medram... Silhuetas vazias...
Fantasmas.
Corrupções harmônicas desiludidas
Tolerância ao fraco que se quer morto.
Dramas.
Sortilégio da matéria... Substância de admiração.
Pandemônio de ações que nem forçam o risco ao raciocínio que se esvai...
O DNA que explica o fenômeno da consciência,
Abre-me quanticamente ao freio que ponho na ciência.
(...)
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
hoje
cheio de anseios e medos sonantes
vejo a cramura gritar rios meu fosso
feito da pele de quem hoje abandono...
trÂnses autônomos
recordo-me que vez por certo tinha sido
um descontrole fixo da imagem impressionante
e um arrepio frágil de um esplendor sofrido
o interro dos medos na nostalgia camuflada
nossos riscos vazios em dispersos frascos
ferrolhas aos montes pela mente assaltada
e transes veridicos no perpassar dos rastros
outrora a sede era quem me interrompia
quando no ato trêmulo do pêndulo entre as gentes
momento solto no espaço alçava
cadência breve e estonteante ouvia
nos entre tempos de ilariantes crentes
aceno simple já que longe estava...
Oduduá
Murmúrio que geme (Conto - Tentativa II)
Dava para uma rua de sobrados. De esquerda, um vizinho muro de lajota havia. Fui levado antes de chegar - após da labuta - ao encontro de um amigo que na descida da esquina me fitava. Vinha a dizer que outrora se deu completamente a refletir sobre os temperamentos e ações da juventude, quando indócil e ébria na noite persegue o gosto do sexo selva-gemente. Interessei-me no ato e quis mais saber onde é que tinha ele chegado com isso. Percebi que se incomodava de alguma maneira.
O que lhe alterava o ânimo era compreender como, diabos, poderíamos lidar com a oscilação dos hormônios dentre tantas formas humanas que adoraríamos assenhorear por vez ou em bando. Achei bem conexo já que não sabia também.
De fato existe uma disposição comum entre as gentes que andam pelas noitadas - bebericando o orvalho das garrafas em bares e festas - que é cumprir com o mínimo dos joguetes da sedução e do desejo. Daí começa... Olhares de través. Sorrisos calorosos. Toques mais leves e constantes. Contrastes da mistura andrógena. Vontade de chegar junto e rascunhar tentativas de um beijo enquanto se fala perto...
Se a música de qualquer natureza der a entender que se pode aderir na dança, haja sobriedade para segurar no interesse o acasalamento.
- É claro que as coisas podem de fato simplesmente acontecer sem que haja algum interesse. – Disse ele. Mas, em seguida concluiu que não.
- Sempre haverá o danado!
Enquanto ele falava - devo admitir - pensava eu cá em outra coisa. Na mesma linha só que, ignorando a preocupação de saber os por quês e os comos e fazendo a pergunta para os envolvimentos que se dão maravilhosamente, quando se procura alguém para juntar - em empreitadas solteiras - o mesmo intuito pelas coisas. Sem dramas.
Dirigimo-nos para um barzinho de mei de rua. A garotada costumava chamar de copo sujo. Na real nem tinha um nome certo e era freqüentado por senhores que se acabavam na cachaça. Não iam mulheres lá. Ao menos nunca que eu as tenha visto. Sentamos e pedimos uma brêja.
Continuou a história dele. Seu nome é Juliano. Olhou-me fixo com uma fisionomia um tanto amargurada. Seus olhos engrossaram traços e com a boca semi-aberta por uns instantes depois decidiu pronunciar que no ontem de ontem uma moça tinha lhe fascinado por conta do cheiro que dimanava de sua vagina. Em suas palavras era o cheiro do paraíso. Só que a moça não namorou tanto o desempenho dele no leito e fez o favor de pôr à contenda para uma amiga que espalhou pra outra e aí foi.
No ontem, ele disse que foi novamente na cara de tampa ao encontro do dito cheiro do céu. Ela tava com mais três amigas num boteco ajeitado.
- Ao menos mais que este onde nos encontramos. – Definia sua história.
Disse ter sido uma das coisas mais desconfortáveis da vida.
Creio que seja bobagem.
Mas, o ego do macho para ele não pode ser negligenciado por conta da atividade sexual.
Creio que seja besteira, mas, creio também que depende da situação em que estejamos imersos. Em um caso destes é palha mesmo. Não há de negarmos que quem se enfiou nos entremeios das silhuetas das coxas da garota foi ele. E que foi ela quem estava lá. Se o caso é que ele mandou mal... Fazer o quê? Chega uma hora que tudo é possível dentro do que está para jogo. E se ele é quem veio dizer é que tanto para esta como para tantas outras ocasiões a gente na madrugada é muito fraca em reservar segredos. É dizer que é segredo e fica aquela coisinha segredando um roçar na ação de não guardar. Rola sempre um desconforto no desejo caso tenhamos algo escondido. Mas, a preocupação dele não era nenhum pingo essa. Entendo...
Ainda me veio cheio de detalhes, onde a dona pousava esbelta suas delícias e acariciava o busto de baixo à cima num reiterado suspender das mamas. Onde tesourava as pernas no alto e encostava as coxas nos seios, no sofá. Tudo com grande olhar sinuoso e um rancor inexplicável. Minha ação foi nenhuma, quase, posto até que já estava embriagado, quando do copo já tinha tomado e trocado de brêja para cana faz ao menos uma hora. E em verdade estava mesmo era cansado daquele papo todo.
Veio-me a cabeça dizer que não haveria de se preocupar tanto com esse episódio. O melhor a se fazer é expor um tanto menos a própria testa para evitar comentários lamentáveis já que este tanto lhe afetou. Deve-se olhar para outras brenhas e encontrar um cheiro menos pretensioso que o do paraíso, pois esse tal lhe agiu como um verdadeiro inferno...
Foi o que entendi. Acabei por ponderar...
Neste andamento transita como a gazela mais bela da rua minha vizinha Lídia em frente ao bar. Toda risadinha. Com ares altos e, acochada de malícia por um maluco que deve de ser um ótimo orador, pois Lídia não parava de gargalhar; Apesar de que basta estar na de alguém para que o riso em lascívia se estenda e torne a forma comum de nossas faces.
Digo a meu amigo que volto em ao menos uns trinta minutos. Ele nem contrapôs.
- Que se vá então!
São suas palavras.
Creio não ter se atingido da ocasião em que estava eu interessado. Também por mim não comento.
Meu interesse é seguir esses dois. Sei que irão se misturar em gritos pornôs como sempre faz Lídia com cada um de seus amantes. Da parte dela escuto nas noites e madrugadas a exigência de um grito de prazer.
Já estou eufórico... Eu sei que ela é uma profissional das casas que muitos chamam de primas. Só que ela é daquelas que chamam de luxo. Minha vizinha. Basta eu me dispor saber que irá alguém em seu quarto, já convido moças para trocar lambidas corpóreas juntos numa sensação de malícia enquanto escutamos a transa eloqüente de Lídia.
É dado sempre que na noite, as flores que cheiram safadezas salientes e a lua cheia engrandecida por volúpias e desejos de prazeres compõem uma atmosfera erótica em alto nível de cor-rompimento.
No mais, no caso é crepúsculo. E os elementos não faltam nenhum deles que bastam um afago principiado com a ânsia do calor que emana de dois corpos nus para no delírio dos fluidos-fluírem...
Somente quero ouvir algo, posto que nesta circunstância, participo por mim somente e não escuto nenhum ruído. Nunca poderia eu pensar... Creio que dormiram. Será? Não se ouve nenhum tipo de insinuação sexual. Fico aqui com as orelhas alertas nas fissuras das paredes. Nossa, minha intenção é tanta de ouvi-los gritar que de súbito isto está me excitando muito. Penso o que devem eles estar fazendo e imagino seus corpos sendo bulidos de um por um. Mas, de repente escuto algo como sussurros de algumas palavras e por trás delas um gemido. Um gemido feminino. Um gemido de Lídia. Aquilo invadiu meus ouvidos e me explodiu em hormônios de tal maneira que me encostei na divisória e me arrastei até o chão. Tento ouvir mais alguma coisa e sempre me vem o gemido. Aquele gemido. Nunca havia Lídia se pronunciado por gemidos. Eram sempre gritos pornográficos.
Olho ao céu e tenho lá a lua grávida de amantes. Não é possível! Esse gemido não me sai da intenção. Esse gemido me faz ficar aqui a noite inteira esperando o próximo. Mas, até agora nenhum outro. O que haverá de estar acontecendo lá dentro...
Meu amigo! Vou ligar para ele.
- Oi. Então! Preciso de um banho e de uma noite de sono. Depois que cheguei no quarto é que me apercebi.
Ele retrucou que eu deveria ter, no pior, me despedido. E não, dito que iria voltar. Concordo. Mas, aquele gemido corrompeu minha vida... Ele não entenderia como. Teria até lhe convidado... Nada. Se dissesse que o caso seriam penetrações impulsivas e gozo flamejante e possuído aos berros com certeza perderia a fineza esse gemido por conta de Juliano querer seguramente chatear as coisas por ter eu inflamado o contrário. Fico aqui sozinho então até o amanhecer. Ecoando voluntariamente esse sussurro do prazer de Lídia, sem chance de sono ou esquecimento.
Que delícia de gemido...
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Psicosonhando
Quando de um trago lembrava
Coisa que eu não mais ousava
Dispor-me à palavra em verso
SObre semelhante gesto
Q'outra mulher retratava
Disfarce meu sem contexto,
Caí na vista e sentei
Sem ânimo algum
Retruquei:
Por que do amor sem pretexto?
Vi que de nada adiantava
Posto que o amor não estava
Por condição de braçada em medida
Palmo infinito de espaço
Não que sem cor num haja vida
domingo, 25 de janeiro de 2009
Auvéolos
E nada mais contínuo passa mesmo que eu persista
Uma pressão na testa, uma agonia risca
Toda a minha idéia não deixando pista
Tentei por um tempo crer não ser nada
Roubei de um santo o saber por padecer na estrada
Em verdade, digo que me ofereceu morada
Nos braços da estrela, sua torre alada
Comentei que já por dias nenhum sono me sacia
Apenas penso o por vir que o amanhã não cria
Disse que assim mesmo a dor me veio fria
E que tudo dito agora, ou antes, ele já sabia.
Sem nenhum sopro calei-me em esplendor
De bruços deitei e apreciei o calor
Comi as vestes vivas das folhas de um sabor
Que aí sim cri como é morto o despudor
Vários traços perdi, droga, joga=dos a Dante
Vários mares enguliram a folhagem insinuante
Poucos são os vestígios que tendo a recordar, doravante.
Meu corpo grita apagar aquele instante.
Controle
De um pesar dos olhos quentes
Onde num dia todo não me fez contente
Furor amargo de estúpido suplício
Não estou só por pleno vício
Nem mesmo latejando de espera
No entanto penso que já era
A luta estreita de meu dissílabo peito.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Perdão... Perdido!
Perfurando o ser sensível,
Demonstrando ser incrível
A cascata da carta muda
Que me poupam inteiro a derrota,
É assim e só que percebo.
Meu coração na ponta de um dedo
Que para saltar ditou ser cedo
Mas, para direcionar a porta
Comportou-se com insólito fulgor
Rasgou toda a manhã em retalhos
Denunciou a tristeza do ato falho
Transformou um ser em espantalho
Que teme seu próprio pavor
Dentro de toda a mutação
Sobrou só um resquício de verdade
Cultivada sem o esterco da maldade
Sim com a santíssima trindade
Que faz da lâmina seu vão
Ou uma discreta cuia que deseja
Do perdão, um só da boca
Mesmo que lúgubre e rouca
É isso! O som doce que ele almeja